...Refletir sobre Maria nos remete ao plano eterno de Deus. Nele estava prevista a Encarnação do Filho, mesmo se não houvesse ocorrido o pecado. A Sagrada Escritura nos apresenta Eva como aquela que sucumbiu à tentação e levou Adão a pecar (cf. Gn 3), tornando-se a mãe da humanidade decaída. Deus, no entanto, quis “salvar o que estava perdido” (Lc 19,10), a partir da colaboração do próprio ser humano nessa obra, acolhendo a vinda do Filho, para nos merecer o perdão, através de Maria Santíssima.
Assim, Ele prepara uma nova Eva, precursora da humanidade redimida, para ser a Mãe do Cristo Senhor. Os méritos da Redenção lhe foram aplicados previamente, de modo que, em nenhum momento, o pecado dominasse sobre aquela que iria cooperar, estreitamente, com a missão do Filho, no momento histórico, determinado pelo Pai.
Dizendo “sim” ao desígnio divino, Maria foi constituída modelo do que Jesus iria realizar nos homens que se deixassem escolher, conduzir, e redimir. Uma espécie de “amostragem” do poder da graça divina. Por isso nós a honramos, não por sua própria grandeza, mas por se fazer capacidade receptiva ao agir de Deus: “Porque olhou para sua pobre serva e realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,48a.49).
Como era Maria de Nazaré? Fazemos algumas conjecturas, pois os textos evangélicos são muito sóbrios, a respeito dela. Entretanto, sua própria santidade nos leva a deduzir algumas de suas inúmeras virtudes. A primeira delas é a simplicidade. Há uma certa piedade mariana que coloca Nossa Senhora tão distante de nós, que sentimos até medo de nos achegarmos a ela, como se o brilho de sua pureza ofuscasse a nossa palidez. Isto não corresponde nem à figura, nem à missão de Maria. Ela vivia a simplicidade dos que são desapegados, dos pobres em espírito. Estes eram os anawin da Antiga Aliança, povo simples, mas confiante em Deus, totalmente entregue a Ele.
Maria era uma jovem muito instruída nas Sagradas Escrituras, porque o Espírito Santo plenificou-a com sua presença, desde que ela foi concebida. Isto nós comprovamos pelo Magnificat, a oração de agradecimento que ela proclama, inspirada no Cântico de Ana (cf. 1Sm 2,1-10), por ocasião de sua visita a Isabel (cf. Lc 1,46-55).
Como jovem judia, ela pretendia, evidentemente, constituir uma família. Daí porque já a encontramos noiva de José, quando sua história é narrada nos Evangelhos de São Lucas e de São Mateus (cf. Lc 1-2 e Mt 1-2). Seu casamento com José, porém, foi diferente, no sentido de que nunca houve relacionamento conjugal. O dom do amor de Deus foi tão pleno naquelas vidas, que isto não se fez necessário. “O poder do Altíssimo a envolveu com a sua sombra”, fecundando a jovem Virgem, sem intervenção humana.
Maria e José se uniram pelo ideal de devotarem suas vidas ao Menino Jesus. A Sagrada Família foi o berço mais sublime possível para criar o Filho de Deus. Os pais de Jesus velaram para que Ele “crescesse em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). José era o terno pai adotivo, protetor e defensor da família e trabalhador modelar. Maria, Mãe por excelência, também foi dona de casa exemplar e, sobretudo, educadora perfeita.
A Maternidade Divina foi sua grande honra, fonte de todos os privilégios com os quais Deus a adornou. Toda santa e toda pura, legou ao Filho sua herança genética, desde o timbre da voz e a semelhança fisionômica, até as qualidades tipicamente humanas de Jesus. A união entre ambos era admirável, a tal ponto que, ouvindo Jesus falar, alguém exclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!” (Lc 11,27). Nenhum cristão pode deixar de honrar a Mãe de Jesus porque, afinal, o que nós honramos nela, estamos atribuindo ao seu Filho, Autor e Fonte de toda a graça, além de sua cooperação pessoal.
Mas não pensemos que a vida de Maria foi cercada de milagres e consolações. É mais próprio da pedagogia divina conduzir o ser humano através do crescimento na fé. Com a Mãe de Jesus não foi diferente. Ela teve que passar por muitas provações, acompanhando o Filho no cumprimento de sua missão: a falta de um lugar apropriado para dá-lo à luz (Lc 2,1-7); a profecia de Simeão, a respeito da espada que lhe transpassaria a alma (cf. Lc 2,34-35); o exílio no Egito, para fugir do extermínio ordenado por Herodes (cf. Mt 2,13ss); a perda de Jesus no templo (cf. Lc 2,41-51). Finalmente, a Paixão e Morte do Filho amado (cf. Jo 18-19 e paralelos Sinóticos).... parte texto: CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID (Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro).Aproveitamos, este mês com Maria para entregar todas as mulheres mães ao Coração de Nossa Mãezinha, que elas possam se espelhar nos moldes de Nossa Senhora na formação e cuidado da família. Que Nossa Mãe Santíssima, estrela da evangelização e grande intercessora conceda sua proteção especial a todas!
Assim, Ele prepara uma nova Eva, precursora da humanidade redimida, para ser a Mãe do Cristo Senhor. Os méritos da Redenção lhe foram aplicados previamente, de modo que, em nenhum momento, o pecado dominasse sobre aquela que iria cooperar, estreitamente, com a missão do Filho, no momento histórico, determinado pelo Pai.
Dizendo “sim” ao desígnio divino, Maria foi constituída modelo do que Jesus iria realizar nos homens que se deixassem escolher, conduzir, e redimir. Uma espécie de “amostragem” do poder da graça divina. Por isso nós a honramos, não por sua própria grandeza, mas por se fazer capacidade receptiva ao agir de Deus: “Porque olhou para sua pobre serva e realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é Santo” (Lc 1,48a.49).
Como era Maria de Nazaré? Fazemos algumas conjecturas, pois os textos evangélicos são muito sóbrios, a respeito dela. Entretanto, sua própria santidade nos leva a deduzir algumas de suas inúmeras virtudes. A primeira delas é a simplicidade. Há uma certa piedade mariana que coloca Nossa Senhora tão distante de nós, que sentimos até medo de nos achegarmos a ela, como se o brilho de sua pureza ofuscasse a nossa palidez. Isto não corresponde nem à figura, nem à missão de Maria. Ela vivia a simplicidade dos que são desapegados, dos pobres em espírito. Estes eram os anawin da Antiga Aliança, povo simples, mas confiante em Deus, totalmente entregue a Ele.
Maria era uma jovem muito instruída nas Sagradas Escrituras, porque o Espírito Santo plenificou-a com sua presença, desde que ela foi concebida. Isto nós comprovamos pelo Magnificat, a oração de agradecimento que ela proclama, inspirada no Cântico de Ana (cf. 1Sm 2,1-10), por ocasião de sua visita a Isabel (cf. Lc 1,46-55).
Como jovem judia, ela pretendia, evidentemente, constituir uma família. Daí porque já a encontramos noiva de José, quando sua história é narrada nos Evangelhos de São Lucas e de São Mateus (cf. Lc 1-2 e Mt 1-2). Seu casamento com José, porém, foi diferente, no sentido de que nunca houve relacionamento conjugal. O dom do amor de Deus foi tão pleno naquelas vidas, que isto não se fez necessário. “O poder do Altíssimo a envolveu com a sua sombra”, fecundando a jovem Virgem, sem intervenção humana.
Maria e José se uniram pelo ideal de devotarem suas vidas ao Menino Jesus. A Sagrada Família foi o berço mais sublime possível para criar o Filho de Deus. Os pais de Jesus velaram para que Ele “crescesse em estatura, em sabedoria e graça, diante de Deus e dos homens” (Lc 2, 52). José era o terno pai adotivo, protetor e defensor da família e trabalhador modelar. Maria, Mãe por excelência, também foi dona de casa exemplar e, sobretudo, educadora perfeita.
A Maternidade Divina foi sua grande honra, fonte de todos os privilégios com os quais Deus a adornou. Toda santa e toda pura, legou ao Filho sua herança genética, desde o timbre da voz e a semelhança fisionômica, até as qualidades tipicamente humanas de Jesus. A união entre ambos era admirável, a tal ponto que, ouvindo Jesus falar, alguém exclamou: “Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram!” (Lc 11,27). Nenhum cristão pode deixar de honrar a Mãe de Jesus porque, afinal, o que nós honramos nela, estamos atribuindo ao seu Filho, Autor e Fonte de toda a graça, além de sua cooperação pessoal.
Mas não pensemos que a vida de Maria foi cercada de milagres e consolações. É mais próprio da pedagogia divina conduzir o ser humano através do crescimento na fé. Com a Mãe de Jesus não foi diferente. Ela teve que passar por muitas provações, acompanhando o Filho no cumprimento de sua missão: a falta de um lugar apropriado para dá-lo à luz (Lc 2,1-7); a profecia de Simeão, a respeito da espada que lhe transpassaria a alma (cf. Lc 2,34-35); o exílio no Egito, para fugir do extermínio ordenado por Herodes (cf. Mt 2,13ss); a perda de Jesus no templo (cf. Lc 2,41-51). Finalmente, a Paixão e Morte do Filho amado (cf. Jo 18-19 e paralelos Sinóticos).... parte texto: CARDEAL D. EUSÉBIO OSCAR SCHEID (Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro).Aproveitamos, este mês com Maria para entregar todas as mulheres mães ao Coração de Nossa Mãezinha, que elas possam se espelhar nos moldes de Nossa Senhora na formação e cuidado da família. Que Nossa Mãe Santíssima, estrela da evangelização e grande intercessora conceda sua proteção especial a todas!