O Senhor não se satisfaz com exterioridade, pois Ele abomina os “sepulcros caiados” (cf. Mt 23,27). Por isso quer nos dar um coração novo e um espírito novo e nos formar discípulos segundo o Seu Coração.
E nos diz: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás homicídio; aquele que cometer um homicídio responderá por ele no tribunal” (Mt 5,21).
Os escribas e os fariseus faziam questão de observar precisamente esse mandamento; essa era a lei. Mas Jesus vai muito além. Ele não para na consequência, vai à causa. Não para no homicídio, vai ao coração. Por isso Ele não proíbe apenas o matar, Ele quer nos dar um coração transformado.
Jesus vai ainda mais a fundo:
“Pois eu vos digo: todo aquele que se encolerizar contra seu irmão responderá por isso no tribunal [...]”(Mt 5,22a).
A cólera, a ira e o rancor, nutridos no coração, vão levar-nos a certas atitudes impensadas, até mesmo ao homicídio. A semente está nos sentimentos, e Jesus quer atingir a semente, não apenas as consequências que virão. Ele quer ir ao seu coração e cauterizar a causa: a cólera, a inveja, a ambição, o rancor... E vai além: Ele quer dar-nos um coração semelhante ao d'Ele: um coração manso, humilde, bondoso, paciente, cheio de amor.
"Mudar o coração. Isso não depende só de nosso esforço, e sim da graça de Deus", ensina monsenhor Jonas
Esta é a meta: mudar o coração. Isso não depende só de nosso esforço, e sim da graça de Deus, que quer nos dar um novo coração. O que fazemos é aceitar, cooperar.
Essa mentalidade é oposta à mentalidade do mundo na qual fomos educados. Ensinaram-nos a pagar o mal com o mal, o desaforo com o desaforo, a ofensa com a ofensa. O Senhor quer mudar tudo isso. A tentação havia nos convencido de que esse tipo de santidade não existia. Era utopia, ilusão e não devíamos ser presunçosos a ponto de querer conquistá-la. Mas a grande realidade é que o Senhor quer que cheguemos lá, que passemos além. Ele nos quer no caminho da santidade.
Jesus arremata tudo no final desse capítulo, dizendo-nos:
“Sereis perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste” (Mt 5,45).
É uma ordem e uma afirmação ao mesmo tempo. Este é o propósito de Jesus para nós. Só não o conseguiremos se não quisermos, se não cooperarmos.
É como o artista que pega barro e com ele faz coisas maravilhosas: um prato, um vaso, uma estátua. Deus é o artista por excelência. Ele quer pegar o barro que somos nós. Não é o barro que vai dizer o que será feito dele, e sim o artista. Não podemos, como barro, dizer ao Senhor: “Eu não posso, não consigo!” Não somos nós que decidimos. Quem decide o que fazer do barro é o artista. Nossa parte é deixar-nos trabalhar pelo Senhor. Ele decidiu: “Sereis perfeitos”.
Ele quer nos levar além de nossos limites: “Sereis perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. Minha parte, a sua parte, é deixar-se trabalhar. Entregue-se agora como barro nas mãos do oleiro:
Eu não sou mais do que barro: modela-me, Senhor. Faz deste barro aquilo que Tu queres. Faz-me à Tua imagem. Faz meu coração semelhante ao Teu. Jesus manso, humilde, cheio de amor, de bondade, faz meu coração semelhante ao Teu.
Não passo de barro! Mas quero, com minha liberdade, cooperar Contigo para que esta palavra se realize em minha vida: “Sereis perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. Eu quero, assim como o Senhor o quer.
Eu Te dou a liberdade de fazer isso, Senhor. Quero cooperar, não quero atrapalhar, não quero impedir.
Faz-me fiel, Senhor. Faz-me santo. Faz-me perfeito.
Muda minha vida. Muda meu coração.
Retirado do livro "Combatentes na Provação" (páginas 43 a 46)
Fonte: www.cancaonova.com