sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Cuidado com a TIBIEZA

COMO PALHA que o vento arrebata. Sem peso e sem frutos

Por Francisco Fernández-Carvajal, sacerdote 
 
As faltas isoladas não nos precipitam necessariamente na tibieza. Esta doença da alma “caracteriza-se por não se tomarem a sério, de um modo mais ou menos consciente, os pecados veniais; é um estado sem ardor por parte da vontade. Não é tibieza sentir-se e achar-se em estado de aridez, de desconsolo e de repugnância de sentimentos em relação ao religioso e ao divino, porque, apesar de todos esses estados, pode subsistir o zelo da vontade, o querer sincero.
Também não é tibieza o incorrer com frequência em pecados veniais, contanto que haja um arrependimento sério e se lute contra eles.
Tibieza é o estado de uma falta de ardor consciente e querida, uma espécie de negligência duradoura ou de vida de piedade a meias, baseada em certas idéias errôneas: que não se deve ser minucioso, que Deus é grande demais para ser tão exigente em pequenas coisas, que há outros que fazem o mesmo que nós, e desculpas semelhantes”.
Este desleixo manifesta-se no descuido habitual das pequenas coisas, na falta de contrição pelos erros pessoais, na ausência de metas concretas para um relacionamento mais íntimo com o Senhor. Vive-se sem verdadeiros objetivos de vida interior que atraiam e entusiasmem. “Vai-se andando”. Deixou-se de lutar por progredir interiormente, ou trava-se uma luta fictícia e ineficaz. Abandona-se a mortificação, e “com o corpo pesado e saturado de mantimentos, a alma está muito mal preparada para voar”.
O estado de tibieza assemelha-se a uma ladeira que descemos, distanciando-nos cada vez mais de Deus. Quase insensivelmente, nasce uma certa preocupação de não nos excedermos, de permanecer dentro de certos limites, suficientes para não cair no pecado mortal, mas insuficientes para evitar o desleixo e o pecado venial.
 A alma justifica essa atitude de pouca luta e de falta de exigência pessoal com argumentos de naturalidade, de eficácia, de trabalho, de saúde, etc., que a fazem ser indulgente com os seus pequenos afetos desordenados, com os apegos a pessoas ou coisas, com comodismos que chegam a apresentar-se como uma necessidade subjetiva. As forças interiores vão-se debilitando cada vez mais.
Quando há tibieza, falta um verdadeiro culto interior a Deus na Santa Missa e as comunhões costumam estar rodeadas de uma grande frieza por falta de amor e de preparação. A oração costuma ser vaga, difusa, dispersa; não há um verdadeiro trato pessoal com o Senhor.
O exame de consciência – que é uma questão de sensibilidade – fica abandonado, quer porque se omite, quer porque se faz de modo rotineiro, sem fruto. Nessa triste situação, o tíbio perde o desejo de aproximar-se profundamente de Deus (pois julga que isso é quase impossível): “Dói-me ver o perigo de tibieza em que te encontras – lê-se em Caminho – quando não te vejo caminhar seriamente para a perfeição dentro do teu estado”.
Em resumo: “És tíbio se fazes preguiçosamente e de má vontade as coisas que se referem ao Senhor; se procuras com cálculo ou «manha» o modo de diminuir os teus deveres; se só pensas em ti e na tua comodidade; se as tuas conversas são ociosas e vãs; se não aborreces o pecado venial; se ages por motivos humanos”.
Lutemos por não cair nunca nesta doença da alma e estejamos alerta para perceber os primeiros sintomas. Recorramos com prontidão a Santa Maria, pois Ela aumenta sempre a nossa esperança e nos traz a alegria do nascimento de Jesus: Alegra-te e regozija-te, filha de Jerusalém, olha o teu Rei que vem; não temas, Sião, a tua salvação está próxima. Nossa Senhora, quando recorremos a Ela, leva-nos ao seu Filho.