segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Não prostitua o seu ministério


Pe. Roger  Luís
Foto:Natalino Ueda/CN

No Evangelho alguém perguntou: 'Senhor, é verdade que só alguns serão salvos?'

Jesus não responde a pergunta, ao invés, dá um ensinamento que aparentemente vai soar como algo terrível para nós.

“Fazei todo esforço possível para entrar pela porta estreita. Porque eu vos digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão. Então começareis a dizer: ‘Nós comemos e bebemos diante de ti, e tu ensinaste em nossas praças!’Ele, porém, responderá: 'Não sei de onde sois. Afastai-vos de mim, todos vós, que praticais a injustiça!’Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac e Jacó, junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vós, porém, sendo lançados fora" Lc 13, 24-28

Veja, Jesus coloca a nós, pregadores e padres, na parede, porque às vezes é fácil falar sobre misericórdia, salvação, perdão, etc, mas a realidade que o Evangelho diz hoje é sobre inferno, sobre um lugar de 'fogo e ranger de dentes'.

Vivemos num mundo onde ninguém quer falar de inferno; as pessoas querem pregação de misericórdia sem conversão, mas eu digo que não há salvação sem o esforço da conversão, pois o inferno é para quem livremente não fez a opção por Deus.

Quem inventou o inferno? Não foi Deus, foram os anjos rebeldes, foram aqueles que se rebelaram contra Deus. A doutrina da Igreja diz que o inferno existe e para lá vai quem, conscientemente, rejeita o amor de Deus.

O Papa Bento XVI falou sobre a questão do juízo final ainda quando era o Cardeal Ratizinger durante um encontro para as Novas Comunidades. Neste encontro para as Novas Comunidades refletir sobre a nova evangelização, o cardeal Ratzinger fez alguns tópicos sobre o que não podia faltar no anúncio da nova evangelização. E entre os temas que não podiam faltar era o anuncio do juízo final, ou seja, o anúncio de que o homem prestará contas sobre os seus atos, desde os mais simples até os mais poderosos.

Você será julgado, nós seremos julgados, a humanidade será julgada; isto é uma verdade de fé da Igreja Católica. Nós não podemos perder esta visão escatológica da nossa fé.

Mas daí as pessoas podem falar: 'ah, mas não está acontecendo nada'. Com esta ideia você está se perdendo, porque Deus não tardará em fazer juízo sobre nossos atos.

Nós, pregadores, não podemos ficar preocupados com a quantidade de livros, palestras e cds que vendemos, mas sim quantas pessoas foram ao confessionário para se confessar durante um encontro.

A evangelização não pode ser cobrada. O que nós estamos fazendo com a nossa evangelização? Quais são as nossas motivações para evangelizar?

Eu não estou preocupado com quantos seguidores eu tenho no twitter, quantos seguidores no facebook. Tem gente que diz pra mim 'padre, a prefeitura da minha cidade paga tanto para o senhor ir celebrar uma missa lá'. Eu digo 'Deus me livre! Minha missa não tem preço não, eu não pratico simonia, eu não cobro pra pregar o evangelho', porque minhas motivações são outras.

Se nós vamos ser julgados, nosso ministério não pode ser como 'prostitutas de luxo', que só servem os poderosos. É uma palavra feia, dura, que incomoda, mas é a pura verdade, pessoas que estão vendendo o seu ministério.

Irmãos, nosso ministério é o de João Batista, que disse: 'é preciso que Ele cresça e eu diminua', e ao final perdeu a cabeça por causa da Palavra de Deus. Esta é a missão do evangelizador.

Precisamos tomar juízo na nossa cabeça e se converter, porque no final o Senhor não vai perguntar quantos livros eu vendi, quantas palestras as pessoas compraram... não, Deus não é um capitalista selvagem, a salvação não será medida por números.

Às vezes as pessoas pensam que serão salvas pelos atos em forma de números, tipo 'Senhor eu fiz isso, Senhor eu preguei assim, Senhor eu cantei para multidões', mas se esquecem que o Senhor vai nos julgar pelas motivações que estão na nossa consciência.

A palavra diz também que os que foram perseguidos pela justiça alcançarão o Reino. Se você está sofrendo injustamente por causa do Evangelho é um bom sinal. Não esmoreça no seu sofrimento, porque a porta da salvação é uma porta estreita. Se assim nós fizermos, eu e você, nos encontraremos juntos no lugar que Cristo preparou para nós: o céu, a vida eterna com Deus.

Eu não estou aqui pregando a heresia do pelagianismo, que dizia que a gente se salva pela nossas próprias forças, não. A palavra vai dizer que nesta luta nós não estamos sozinhos, vamos fazer a nossa parte e Deus estará conosco.

"Olhando para Jesus, autor e consumador da fé, o qual, pelo gozo que lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos" Hebreus Hb 12, 3-4

Mas a palavras ainda diz "Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado". Ou seja, não vai ter salvação sem uma luta violenta contra o pecado. Mas saia daqui com esta certeza: Deus vai lutar junto com você.

Transcrição e adaptação: Daniel Machado
(Palestra realizada durante Acampamento no Combate da Oração – Cachoeira Paulista)

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Padre Roger Luís
Padre da Comunidade Canção Nova
Fonte: www.cancaonova.com.br