O Papa Francisco recorda a existência do diabo como ser pessoal
Em 4 de maio, durante a Missa da manhã
na Casa Santa Marta, refletindo sobre as perseguições aos cristãos, o
Papa falou do “ódio do Príncipe deste mundo contra todos os que foram
salvos e redimidos por Jesus”.
Estas alusões reiteradas já foram
notadas pela mídia, e deram lugar a uma matéria do Pe. Giandomenico
Mucci, SJ, na “Civiltà Cattolica”:
“Há várias décadas,
se tem escrito, a pregação católica se esqueceu que o diabo é presente
nos documentos do próprio Concílio Vaticano II. Alguns teólogos têm
acolhido a opinião segundo a qual Satanás ‘é fruto da fantasia humana,
desenvolvida na área do paganismo e penetrada em seguida no pensamento
judaico’. Se explicaria assim ‘o assombro suscitado entre crentes e não
crentes pela pregação do Papa a respeito do diabo’.
O esquecimento do
diabo é um fenômeno que foi marcante nestes últimos cinquenta anos.
Exatamente para contrariar esta tendência – recordando as muitas menções
dos Evangelhos, do Apocalipse, das Epístolas, dos Padres da Igreja, dos
Concílios e do Magistério dos Papas – em 1975, durante o pontificado de
Paulo VI, foi publicado um estudo da Congregação para a Doutrina da Fé
intitulado ‘Fé cristã e demonologia’, que censurava a tentativa de
“desmilogização da secular doutrina da Igreja sobre Satanás’ ”.
Um bom espaço no artigo do Pe. Mucci foi
dedicado a largas citações do famoso discurso de Paulo VI (15.11.1972),
dedicado a este tema, na catequese da audiência geral, afirmando que
“uma das maiores necessidades da Igreja atualmente é a defesa contra
este mal que chamamos Demônio”. O Papa Paulo VI insistiu que “o mal não é
apenas uma deficiência, mas uma eficiência, um ser vivo, espiritual,
pervertido e que perverte. Uma terrível realidade! Misteriosa e medonha!
Deixa a esfera do ensinamento bíblico e eclesial quem se recusa a
reconhecer sua existência”…
As palavras do Papa Francisco relembram
então a presença do diabo, uma presença que, nas últimas décadas (…) se
arrisca a ver exagerada, mas confinada sobretudo no sensacionalismo e no
folclore das notícias focalizando o satanismo. Por isto mesmo, o artigo
do Pe. Mucci conclui:
“Há um risco de que o
cristão passe a dar excessiva importância ao diabo, seduzido pelos
textos de certa imprensa ou de certos programas da TV., que induzem a se
deleitar com o arrepio causado por intervenções diabólicas, presumidas
ou inventadas. Satanás existe e, Deus permitindo, tenta o ser humano
para o mal, e pode prejudicá-lo gravemente. Mas não pode impedir em nós
nem a vida evangélica nem a eterna salvação. Ele é comparável a um cão
feroz, mas amarrado a uma corrente forte. Somente pode atacar e ferir na
medida em que alguém se avizinha do raio de ação concedido à besta
presa a ela. Esta cadeia é Cristo”.
(EXTRAÍDO E ADAPTADO DE MATÉRIA DE:) ANDREA TORNIELLI
CITTÀ DEL VATICANO
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