Em sua primeira visita à cidade de Belém, onde nasceu Jesus, o papa Francisco fez um convite inusitado. Chamando o conflito entre Israel e Palestina de “cada vez mais inaceitável”, propôs uma reunião entre os presidentes dos dois países no Vaticano para um momento de oração pela paz. “Ofereço a minha casa para hospedar esse encontro”, afirmou o pontífice na oração do Regina Coeli (Rainha dos Céus), no domingo, 25.
“Neste lugar onde nasceu o Príncipe da paz, desejo apresentar um convite ao senhor, presidente (da autoridade palestina) Mahmoud Abbas, e ao senhor presidente Shimon Peres, a elevar junto comigo uma intensa oração pedindo a Deus o dom da paz”, declarou o papa. “Todos desejamos a paz. Temos o dever de fazer-nos instrumentos e construtores de paz, antes de tudo na oração.”
Ambos os presidentes aceitaram o convite e o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, confirmou. “Esperamos que seja uma contribuição para dar-se um passo à frente, naturalmente na ordem moral e religiosa da conversão dos corações, que compete à Igreja e que, no fim das contas, talvez seja a coisa mais importante de todas”, comentou. “As pessoas receberam o Papa como um profeta da paz.” Especula-se que a oração possa ocorrer já em 6 de junho.
Diplomacia – Embora o encontro entre os dois presidentes e o papa tenha um caráter mais simbólico do que decisivo, o jornal norte-americano The New York Times ressaltou a relevância diplomática do apelo de Francisco. “As atitudes do Papa apresentam um exemplo impressionante de como ele está buscando reafirmar o antigo papel do Vaticano como árbitro na diplomacia internacional”, analisou. Outras publicações internacionais, como o italiano Corriere della Sera, destacaram o fato de que Francisco foi o primeiro papa a voar diretamente à Palestina, sem parar antes em Israel, e a falar de um verdadeiro “Estado da Palestina”, algo não reconhecido pelo governo israelense.
De acordo com o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, o Papa pretendia insistir em três pontos durante sua viagem à Terra Santa: o direito de Israel “de existir e usufruir de paz e segurança dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas; o direito do povo palestino de ter uma pátria soberana e independente, de mover-se livremente e viver com dignidade; e o reconhecimento do caráter sagrado e universal de Jerusalém, como lugar de peregrinação de fiéis das três religiões monoteístas”
Fonte: Redação com O São Paulo - Ano 59 - Edição 3004 - 27 de maio a 2 de junho de 2014