sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Contemplar Jesus manso e sofredor

Não é fácil para os cristãos viver segundo os princípios e as virtudes inspirados por Jesus. «Não é fácil – disse o Papa na missa celebrada na manhã de 12 de Setembro em Santa Marta – mas é possível»: basta «contemplar Jesus sofredor, a humanidade sofredora» e levar «uma vida escondida com Jesus em Deus».
A reflexão do Santo Padre foi inspirada pela celebração da memória litúrgica do nome de Maria. «Hoje festejamos o onomástico de Nossa Senhora. Outrora, esta festa chamava-se o doce nome de Maria e hoje na oração pedimos a graça de sentir a força e a doçura de Maria. Depois mudou, mas na oração permaneceu esta doçura do seu nome. Hoje precisamos da sua doçura para entender o que Jesus nos pede, um elenco difícil de viver: amai os inimigos, fazei o bem, emprestai sem nada esperar, oferecei o outro lado do rosto a quem vos fere... Situações fortes! Mas tudo isto foi vivido por Nossa Senhora: a graça da mansidão».
«O apóstolo Paulo insiste sobre este tema: “Irmãos, escolhidos por Deus, santos e amados, revesti-vos de sentimentos de ternura, bondade, humildade, mansidão e magnanimidade, suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros” (Cl 3, 12-17)». Sem dúvida, observou o Pontífice, pede-se-nos muito e por isso a primeira pergunta é: «Como posso fazer isto? Como me preparo para o fazer? O que devo estudar para o fazer?». Para o Papa, a resposta é clara: «Com o nosso esforço não podemos fazê-lo. Só uma graça pode fazê-lo em nós. O nosso esforço é necessário, mas insuficiente».
«Nestes dias, Paulo falou-nos muitas vezes de Jesus como totalidade e esperança do cristão, porque é o esposo da Igreja e infunde esperança para ir em frente, como vencedor sobre o pecado e a morte». A este propósito, o apóstolo ensina-nos algo: «Irmãos, se ressuscitastes com Cristo, procurai as coisas do alto, onde está Cristo triunfador; Ele está à direita de Deus. Dirigi o pensamento para as coisas do alto... Com efeito, estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus».
Eis «o caminho para fazer o que o Senhor nos pede: esconder a nossa vida com Cristo em Deus». E isto deve renovar-se em cada atitude diária, pois só se dirigirmos o coração e a mente para o Senhor, «triunfador sobre o pecado e a morte», podemos fazer o que Ele nos pede. Mansidão, bondade, ternura e magnanimidade são as virtudes necessárias para seguir o caminho indicado por Cristo. Recebê-las é «uma graça que brota da contemplação de Jesus». Não foi por acaso que os nossos pais e mães espirituais nos ensinaram como é importante contemplar a paixão do Senhor.
«Só contemplando a humanidade sofredora de Jesus, podemos ser mansos como Ele. Não há outro caminho». Sem dúvida, deveríamos esforçar-nos por «procurar Jesus, pensar na sua paixão, no seu sofrimento, no seu silêncio manso». Este deve ser o nosso esforço; «Ele pensará no resto e dar-nos-á o que nos falta. Mas nós devemos esconder a nossa vida com Cristo em Deus». Portanto, para ser cristão é necessário contemplar sempre a humanidade de Jesus, o homem que sofre. «Como dar testemunho, não odiar o próximo, não tagarelar contra os outros? Contemplando Cristo sofredor»; estas são as mesmas virtudes do Pai, «bom, manso e magnânimo, que nos perdoa sempre», e de Nossa Senhora, nossa mãe. Não é fácil, mas é possível.
Fonte: L’Osservatore Romano