A Praça de São Pedro coloriu-se hoje de guarda-chuvas amarelos, verdes,
vermelhos, pretos, dos milhares de pessoas que desafiaram a chuva em
Roma para ouvir o Santo padre e rezar com a ele, ao meio dia, a Ave
Maria do Angelus; pessoas corajosas como o Padre Brochero, beatificado
ontem na Argentina e que saía debaixo da chuva montado na sua mula para
ir à casa dos fieis, disse o Papa depois do Angelus…
Mas antes
ainda comentou o capitulo XV do Evangelho de São Lucas, que contém as
três parábolas da misericórdia: a da ovelha tresmalhada, a da moeda
perdida e a do pai e dos dois filhos, o filho pródigo e o filho que se
considera justo, santo.
Todas estas parábolas – disse o Papa – falam
da alegria de Deus, a alegria de perdoar, a alegria de perdoar,
repetiu, dizendo que "nisto está todo o Evangelho, todo o Cristianismo".
E
não se trata de sentimento, nem é uma questão de sermos bonzinhos.,
frisou, esclarecendo que se trata antes pelo contrário de
misericórdia...
“(…) A misericórdia é a verdadeira força que pode
salvar o homem e o mundo do “cancro” que é o pecado, o mal moral,
espiritual. Só o amor preenche os vazios, as voragens negativas que o
mal abre nos nossos corações e na história. Só o amor pode fazer isto. E
esta é a alegria de Deus”
Jesus é todo Ele misericórdia,
amor: É Deus feito homem. Cada um de nós é aquela ovelha tresmalhada,
aquela moeda perdida; cada um de nós é aquele filho que desperdiçou a
própria liberdade, seguindo falso ídolos, miragens de felicidade, e
perdeu tudo – prosseguiu o Papa – recordando que Deus não se esquece de
nós, não nos abandona…
“O Pai não nos abandona nunca. É um pai
paciente. Espera sempre por nós. Respeita a nossa liberdade, mas
permanece sempre fiel. E quando voltamos para ele, acolhe-nos como
filhos, na sua casa, porque nunca cessa, nem sequer por um instante de
nos esperar, com amor. O seu coração põe-se em festa por cada filho que
volta. Põe-se em festa porque é alegria. Deus tem esta alegria quando um
de nós, pecador, dirige-se a Ele e pede perdão”.
Mas atenção,
há um perigo, advertiu o Papa. O perigo de termos a presunção de sermos
justos e de julgarmos os outros. De julgarmos mesmo a Deus, que a nosso
ver “deveria castigar os pecadores, condená-los à morte, em vez de
perdoar, exatamente como o filho maior da parábola que se chateia com o
pai por ele ter acolhido com uma festa o filho que regressou.
Se no
nosso coração não há a misericórdia de Deus, a alegria do perdão, não
estamos em comunhão com Deus mesmo que, mesmo que observemos todos os
preceitos, porque é o amor que salva, disse o Papa continuando:
“É
o amor por Deus e pelo próximo que dá cumprimento a todos os
mandamentos. É isto o amor de Deus, a sua alegria, perdoar! Espera-nos
sempre! Talvez alguém tenha no seu coração algo que lhe pesa… fiz isto,
fiz aquilo… Ele te espera, ele é pai, espera-nos sempre!”
O Papa
recordou ainda que se vivermos segundo a lei do “olho por olho, dente
por dente”, nunca sairemos da espiral do mal, pois que o maligno é
espertalhão e nos ilude de que com a nossa justiça humana podemos
salvar-nos, mas na realidade é só a justiça de Deus que nos pode salvar.
E a justiça de Deus revelou-se na Cru: a Cruz é o julgamento de Deus
sobre cada de nós neste mundo. Ele julga-nos dando a sua vida por nós…
Um ato supremo de justiça, de misericórdia… É este o caminho que Jesus
nos convida a seguir…
“Jesus convida-nos a seguir este caminho: “Sede misericordiosos, como o Pai vosso é misericordioso”
O
Papa concluiu dirigindo pedindo a todos, a cada um que rezasse em
silêncio por uma pessoa com a qual está chateada, não se entende bem…
“Pensemos nela em silêncio, neste momento, rezemos por ela e tornemo-nos misericordioso, com essa pessoa…”
O Papa invocou depois Nossa Senhora, rainha da misericórdias por todas essas intenções, rezando o Angelus com os presentes…
Fonte: news.va