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Andrea Pizzicaroli:- "Dez anos atrás fundei o Instituto Europeu 'Terceiro Milênio' com o objetivo de fazer formação e consultoria em comunicação. Aconteceu que foi eleito este Papa e ninguém imaginava que pudesse ser uma figura tão expressiva e tão comunicativa. Nós mesmos ficamos positivamente surpresos com isso. Daí, de nossa parte, com muita humildade, a ideia de atribuir-lhe o prêmio 'Comunicação simples'."
RV: Quais elementos foram levados em consideração para indicá-lo como comunicador do ano?
Andrea Pizzicaroli:- "Estamos falando de 'comunicação simples': aquilo que procuramos fazer trabalhando muito em simplificar os conceitos que são complexos a fim de torná-los acessíveis."
RV: Podemos dizer que a comunicação simples não é necessariamente feita de poucos elementos...
Andrea Pizzicaroli:- "A comunicação simples é aquela é clara e que busca chegar o quanto possível a mais pessoas transmitindo uma mensagem autêntica, justamente como se sente no coração. O segredo é a sinceridade: quando alguém é sincero consigo mesmo e com os outros a comunicação flui de modo coerente; ninguém pode colocar em discussão aquilo que é dito com sinceridade porque se tem a profunda convicção do que expressa. Se se tem convicção, então se comunica de modo simples e as pessoas entendem isso."
RV: Podemos pensar na autenticidade e sinceridade nas palavras do Papa, sempre presentes em seu falar comum. O "boa-tarde", a saudação, o despedir-se: também isso se insere numa comunicação simples?
Andrea Pizzicaroli:- "Sim. Este Papa conseguiu de modo surpreendente e, sobretudo, novo, inovador, chegar diretamente às pessoas. O Papa Francisco habitualmente cumprimenta as pessoas em pé de igualdade, de modo direto como se fosse um amigo, um parente, uma pessoa querida como efetivamente ele é. Portanto, esse tipo de comunicação revolucionou tudo porque é um Papa 'acessível'."
RV: Há quem defenda que este aspecto, essa comunicação simples, de certo modo, diminui a sacralidade da função. Quem adota uma comunicação simples, com as características ressaltadas, diminui autoridade ao que diz?
Andrea Pizzicaroli:- "Absolutamente não. A mensagem que a comunicação seja acessível às pessoas, que tenha esse caráter de proximidade, não tolhe a sua 'nobreza', pelo contrário, a torna ainda mais fascinante, mais bonita e verdadeira e também, a meu ver, mais importante."
RV: No último final de semana, com sua conta Twitter "@Pontifex", o Papa alcançou a marca de 10 milhões de seguidores. O que isso significa para um comunicador; a possibilidade de uma comunicação simples também para essas plataformas digitais? Como profissional da comunicação, qual sua opinião a esse respeito?
Andrea Pizzicaroli:- "Vejo como uma faca de dois gumes: é fascinante, mas não fico entusiasmado com essa comunicação por demais ligada à Internet. O grande risco que corremos é que a comunicação seja por demais sintética; porém, é certamente eficaz."
Fonte: news.va