Nesta Santa Missa, estou vestido de verde, em sintonia com o Brasil neste momento. E aqui eu faço lembrança do nosso saudoso e querido padre Léo, que dizia: “Se alguma coisa ainda está verde porque ainda não está madura”. Se você come algo verde, pode correr o risco de passar mal. Depois do tempo pascal, a liturgia celebra o tempo comum, quando usamos o verde da esperança. Por isso o verde nos mostra que eu e você ainda não estamos maduros.
Talvez que você é casado ainda não esteja maduro ou até mesmo você que tem uns 40 anos ainda não esteja maduro, pois essa é uma longa caminhada. Que lindo seria se eu pudesse ouvir as suas histórias e tudo aquilo que já viveu! Quanto mais nós aprendemos tanto mais temos o que aprender. Jesus é esse Mestre que sempre nos ensina coisas novas. Além de aprendermos coisas novas, precisamos retomar algumas coisas. No tempo comum, do discipulado, precisamos retomar aquilo que aprendemos. Louvado seja Deus pelos pais, que sabem se derramar em misericórdia para com os filhos, mas, que, no momento oportuno, também são firmes com estes. Os pais não devem dar tudo o que os filhos querem, mas também não precisam ser bravos e rígidos em excesso; devem educá-los com sabedoria e amor.
Jesus também fala da nossa convivência fraterna. Se não vivermos o perdão e a reconciliação hoje, mais tarde estaremos sozinhos. Talvez as pessoas não queiram conviver com você, porque você não sabe viver em família e na sociedade. Jesus nos diz: “Se a vossa justiça não for mais que os mestres da lei e dos fariseus, vós não entrareis no reino de Deus”. O que mais agrada ao Senhor é nossa oferta aos nossos irmãos e o amor, porque Deus é amor!
No Vaticano, pela manhã, o Papa Francisco nos faz entender o seguimento de Jesus de uma forma muito clara, ao afirmar que, para superarmos as divisões que nos separam, três coisas são importantes: o realismo, a coerência e a filiação.
Algumas vezes, alguém nos machuca e nos fere, ou somos nós quem ferimos o outro, e até não gostamos de nos lembrar disso. O Santo Padre diz que precisamos ser realistas e chegar a um acordo, pois não podemos continuar brigando o tempo todo. Esse é o primeiro passo para superarmos as divisões e amadurecermos na fé. Se não dá ainda para perdoar como gostaríamos, cheguemos pelo menos a um acordo.
O segundo passo salientado por ele é que devemos ser coerentes com a verdade. Na verdade não há falsidade. A mentira não liberta ninguém; pelo contrário, ela escraviza. Por causa da verdade, temos que ir atrás dos fatos. Para que nós cheguemos a um acordo, precisamos da verdade.
O terceiro ponto destacado pelo Sumo Pontífice é que consideremos a filiação a Deus. O outro, antes de tudo, é meu irmão, é minha irmã. Tem gente até que fala: “Para mim, o fulano de tal morreu!”. Quem somos nós para matar o outro dentro de nós! Monsenhor Jonas nos ensina aqui na Comunidade Canção Nova a frase de Dom Bosco: “Falar bem de todos, pensar de todos e querer bem a todos”. Antes de sair matando alguém no coração, nós temos que entender que nós somos irmãos. Não podemos sair matando as pessoas com as palavras, com os pensamentos e os gestos! Somos filhos do mesmo Pai, do mesmo Deus. O Senhor nos chama ao amor. Essa deve ser a marca do cristão: o amor!
Nós devemos aprender a conviver com as misérias alheias. A Igreja nos ensina: “Amar o pecador. Odiar o pecado”. E aprender a superar as divisões e, dessa maneira, irmos caminhando em frente, pelo tempo comum que a Igreja celebra. Tempo de esperança.
É por isso que devemos viver como irmãos, para que um dia cheguemos ao céu. Só sabe a força e poder do perdão quem já passou pelo pecado e foi perdoado. Perdoa pouco quem pouco experimenta o perdão. Quando chegou a mulher pecadora em Betânia, ela comprou aquele vidro de perfume caro e depois jogou nos pés de Jesus. E Simão Pedro pensou que, se Jesus soubesse quem ela era, não a deixaria fazer aquilo.
Só tem um coração aberto e dilatado para perdoar quem faz a experiência com a misericórdia. Por isso quem tem facilidade de se confessar, tem um coração bom para perdoar. É assim que se comporta e deve se comportar um verdadeiro discípulo de Cristo.
Jesus nos diz que, antes de chegarmos ao altar para fazer nossa oferta, devemos nos reconciliar com nossos irmãos. Depois que morrermos não teremos o que fazer [nesse sentido], por isso, enquanto estivermos aqui, deveremos lutar para perdoar a nossos irmãos e nos reconciliar com eles.
Transcrição e adaptação: Jakeline Megda D'Onofrio
Padre Hamilton Nascimento
Membro da Comunidade Canção Nova, ordenado dia 27 de dezembro de 2005
Fonte: www.cancaonova.com